quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Caminho Sanabrês | 3 Dias - 300 km | Laza a Laxe

115.45 Km
13.08 | T. deslocação 08:26:29 |Vel. Média 11,9 Km/h |Vel. Máxima 68,2 Km/h



Graças a uma noite muito mal dormida o dia começou muito cedo, o despertar foi às 5h da manhã (4h em Portugal). Depois da habitual revisão às bicicletas e depois de tudo arrumado prosseguimos viagem. A ideia era "atacar" cedo a subida que nos esperava à frente, evitando assim horas de maior calor.  Tínhamos que vencer nos próximos quilómetros os cerca de 500 m de desnível positivo até Cruz de Madera, estava frio e nevoeiro denso.
Depois prosseguimos em direção a Xunqueira de Ambía.
O caminho apresentava aqui algumas seções a fazer lembrar muitas das retas do Caminho Francês. 

E outras seções a remeter para a imagem da floresta encantada, retratada nos contos dos irmãos Grimm. 


Xunqueira de Ambía é uma pequena povoação com menos de 2000 habitantes.
O albergue está situado poucas centenas de metros antes da povoação.

Xunqueira de Ambía tem o centro bem arranjado e em bom estado de conservação.

A Igreja de Santa María de Xunqueira de Ambía pertencia ao Mosteiro homónimo fundado no Séc. X. 
Com data de construção de 1164 a Igreja é marcada pelo seu imponente contraforte. 
Até Ourense e dado o desnível negativo, foram provavelmente os 20 km mais fáceis deste caminho.
Contudo, com o Sol a despontar voltavam as temperaturas altas e a necessidade de abastecimento de água era constante. 
Paragem para almoço em Ourense.

Ourense é uma cidade com cerca de 115.000 habitantes e é também a capital de província.  
Referência para a excelência do desenho urbano, característica para a qual os nossos vizinhos já nos têm vindo a habituar desde há muitos anos e aqui apenas como exemplo o Xardin do Posío no centro da cidade.

Aproximava-se o Rio Minho, ou Miño como se diz por estes lados e a travessia foi feita através da Ponte Maior de Ourense, ou Ponte Romana ou Ponte Medieval ou ainda Ponte Velha, que são as diversas designações desta ponte. A ponte terá sido começada a construir no reinado de Augusto, no Séc. I d.C. Desse período, apenas a parte inferior de alguns pilares pertencerá ainda à original ponte romana. O seu aspeto atual é o reflexo das obras de restauração do Séc. XVII. A ponte estava integrada na estrada romana Via XVIII do itinerário de Antonino, também conhecida como Via Nova ou Geira.

A jusante a Ponte do Milénio, cuja autoria é muitas vezes atribuída a Santiago Calatrava mas que pertence na realidade ao arquiteto Álvaro Varela.

À saída de Ourense sabíamos que iríamos ter uma grande desnível positivo para vencer, mas acho que não há preparação possível para este “caminho real”.
Antigo caminho Real de ligação a Norte.
Esta foi talvez a subida mais íngreme que alguma vez fizemos. No perfil altimétrico, esta linha chega a estar muito próximo da vertical!

A somar ainda tínhamos calor intenso e moscardos a picar constantemente. Toda a água que trazíamos, desapareceu! 

Felizmente havia uma fonte estrategicamente colocada no final da subida!

A má notícia era que ainda havia muita subida pela frente.
De novo fomos encontrando caminho muito técnico, que obrigou a um andamento mais lento do que estávamos à espera. O caminho foi-se revelando uma verdadeira “caixinha de surpresas” porque facilmente entrávamos num bosque com um caminho fácil e aspeto agradável e poucos quilómetros à frente já estávamos a empurrar as bicicletas à “mão” através de pedras enormes. Fantástico este caminho!
O dia acabou em Laxe, e pernoitamos num albergue de construção recente e com grande qualidade.
Finalmente o merecido descanso para um dia tão comprido e tão desgastante.

Foram pouco mais de 115 km e com um desnível positivo acumulado a ultrapassar os 2000 m. Mas valeu a pena. Agora só faltavam cerca de 50 km para Santiago.


 

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